As catacumbas sob a Oxford Nova eram um labirinto de pedra úmida e arrepios. O local, outrora usado para rituais secretos de sociedades estudantis, agora servia de esconderijo para um grupo de homens cujas identidades eram tão obscuras quanto as paredes que os cercavam. A luz de velas tremeluzentes projetava sombras grotescas nas paredes, enquanto uma mesa redonda de madeira carcomida ocupava o centro da sala. Sobre ela, duas fotos: os rostos pálidos e sem vida de dois professores da universidade.
O segundo, Professor Thomas Alistair Greene, morto na biblioteca com a garganta cortada. O primeiro, Professor Marcus Holloway, encontrado em seu apartamento, vítima de uma overdose suspeita. Ambos tinham algo em comum: eram membros de um grupo que preferia permanecer nas sombras.
Um homem encapuzado, de voz rouca e autoritária, bateu o punho na mesa.
— Temos que descobrir quem está matando nossos membros! — sua voz ecoou nas paredes de pedra, fazendo as chamas das velas dançarem.
O silêncio que se seguiu foi cortado por um homem mais jovem, sentado à direita. Ele levantou a mão, como um aluno em sala de aula, antes de falar:
— São dois casos isolados. — Sua voz era calma, quase desdenhosa. — Greene era um cidadão exemplar. Já Holloway... bem, todos sabem que ele gostava de drogas e bebidas. Poderia ter sido um acidente.
— Acidente? — outro homem interrompeu, levantando-se da cadeira. Seu capuz escorregou levemente, revelando uma cicatriz que cortava sua testa. — Você acha mesmo que Holloway, depois de anos usando drogas, simplesmente esqueceu a dose certa?
A sala explodiu em murmúrios. Vozes se sobrepunham, teorias eram lançadas ao ar como facas.
— Foi a polícia! Eles estão nos caçando!
— Não, foi alguém de dentro. Alguém que sabe demais. - Um homem disse com voz tensa
— Ou um de nós - Outro falou
O líder, o homem de voz firme que iniciara a reunião, ergueu a mão. O silêncio foi imediato.
— Chega! — ele ordenou, os olhos brilhando sob o capuz. — Estamos perdendo o foco. Seja quem for, eles estão nos atingindo um por um. Temos que nos proteger antes que mais alguém vire alvo.
Um homem mais velho, sentado ao fundo, riu baixinho.
— Você está exagerando, Medley. Criando pânico à toa. — Ele cruzou os braços, desafiador. — Greene foi morto por alguém com raiva pessoal. Holloway? Um viciado que perdeu o controle. Nada mais.
O líder olhou para ele, os dedos tamborilando na mesa.
— Você realmente acredita nisso? — perguntou, a voz carregada de desdém.
— Acredito que estamos perdendo tempo com teorias da conspiração. — o homem mais velho respondeu, erguendo as mãos. — Se alguém estivesse nos caçando, já teríamos mais corpos.
O líder olhou ao redor da mesa, estudando cada rosto oculto sob os capuzes.
— Vamos colocar em votação. — ele declarou. — Quem acha que as mortes são casos isolados, levante a mão.
As mãos se ergueram, lentamente, hesitantes. A maioria.
— E quem acha que estamos sob ataque?
Apenas três mãos se levantaram, incluindo a do líder. Ele suspirou, os ombros cedendo sob o peso da decisão.
— Muito bem. — ele disse, a voz mais baixa agora. — Mas saibam que, se mais um de nós cair, não haverá mais votos. Haverá sangue.
A sala ficou em silêncio, o peso das palavras pairando no ar como uma ameaça não dita.
— Reunião encerrada. — o líder declarou, batendo a mão na mesa. — Voltem para suas vidas. E fiquem atentos.
Os homens começaram a se levantar, suas sombras se misturando às paredes enquanto saíam em silêncio. O líder permaneceu sentado, os olhos fixos nas fotos dos professores mortos.
— Você acha que foi alguém, um justiceiro que descobriu nossa operaçãozinha, não é— uma voz suave perguntou atrás dele.
Ele virou-se, encontrando os olhos de um homem mais jovem, que ainda não havia deixado a sala.
— Justiceiro? Quem? — o líder perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Não sei, mas para mim e o que parece. — o jovem respondeu, os lábios se curvando em um sorriso sombrio. —
O líder ficou em silêncio por um momento, os dedos passando sobre a foto de Greene.
— Um justiceiro... — ele murmurou — Talvez
— O que vamos fazer com essa situação? — o jovem perguntou, inclinando-se para frente.
O líder olhou para ele, os olhos brilhando com uma luz sinistra.
— Nada. Por enquanto. — ele respondeu, levantando-se da cadeira. — Mas vamos ficar de olho em tudo e todos
O jovem riu, um som seco e sem humor, antes de seguir o líder para fora da sala. As velas se apagaram uma a uma, mergulhando a catacumba em escuridão.
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