Calíope acordou com o som suave do vento entrando pela janela aberta. O quarto estava iluminado pela luz do amanhecer, e o ar fresco da manhã trazia consigo um aroma familiar e reconfortante: o perfume de Angelo. Ela sentou-se na cama, ainda meio sonolenta, e notou algo ao seu lado. Era uma rosa n***a, delicada e misteriosa, colocada cuidadosamente sobre o travesseiro. Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios. Nos últimos dias, ela tinha se acostumado a acordar com pequenos gestos como esse. Mesmo quando Angelo não estava no quarto, ele sempre encontrava uma maneira de deixar sua presença marcada.
Ela pegou a rosa com cuidado, admirando sua beleza sombria, e decidiu colocá-la em um copo com água. Usando as muletas, ela se levantou devagar, tomando cuidado para não machucar o pé imobilizado. O caminho até o banheiro foi lento, mas ela conseguiu. O banho foi revigorante, e ela teve o cuidado de proteger o pé da água. Enquanto se secava, ela pensou no que o dia reservava. Havia tantas perguntas sem resposta, tantos segredos pairando sobre a universidade... e sobre Angelo.
Depois de se vestir, Calíope sentou-se em frente ao computador e decidiu ligar para o pai. Alferes Wessex era um homem ocupado, mas sempre encontrava tempo para as filhas. A ligação foi atendida rapidamente, e a voz grave e calma de Alferes ecoou do outro lado da linha.
— Calíope, minha querida. Como estão as coisas em Oxford? — perguntou ele, enquanto ela podia ouvir o som de papéis sendo movidos em seu escritório na mansão Wessex.
— Olá, pai — ela respondeu, tentando manter a voz calma. — As coisas estão... complicadas.
— Complicadas como? — Alferes perguntou, imediatamente alerta.
Calíope respirou fundo, sabendo que não podia esconder tudo do pai, mas também não queria preocupá-lo demais.
— Eu estou investigando algumas coisas aqui na universidade — ela começou, escolhendo as palavras com cuidado. — Há alguns dias, uma menina me levou até um prédio onde eu vi algo... estranho. Era como um ritual, com homens encapuzados e mulheres que pareciam dopadas. No dia seguinte, essa menina apareceu morta. E há outras mortes, pai. Garotas da universidade, todas catalogadas como acidentes ou overdoses. Ninguém está levando a sério.
Do outro lado da linha, Alferes ficou em silêncio por um momento. Quando ele finalmente falou, sua voz estava séria.
— Você acha que todas essas mortes estão conectadas?
— Eu ainda não sei — Calíope admitiu. — Mas eu vou descobrir. Algo muito errado está acontecendo aqui, pai.
Alferes suspirou, claramente preocupado.
— Calíope, você precisa ter cuidado. Essas coisas... elas podem ser perigosas. Muito perigosas.
— Eu sei, pai. Mas eu não posso simplesmente ignorar isso.
Houve uma pausa, e então Alferes mudou de assunto, talvez tentando aliviar a tensão.
— E como está sua irmã? Sua mã e está louca atras dela tem duas semanas que ela não nos da noticias, e como ela te conta tudo, Eleni ainda está nos Estados Unidos, certo?
Calíope riu, lembrando da cena do dia anterior.
— Na verdade, não. Eleni está aqui. Ela apareceu aqui na semana passada, dizendo que pediu transferência, eu pensei que o senhor soubesse
Alferes soltou uma risada surpresa.
— Entre mil infernos!. E o que Diabos Eleni está fazendo aí? Eu pensei que ela estava em um programa de intercâmbio. - Disse com raiva
— Pai, relaxa, eu não vou deixar ela se meter em confusão — Calíope explicou, rindo. — Eu vou cuidar dela, mas você precisa falar sério com ela, pai. Ela não pode simplesmente entrar no meio das minhas missões assim.
— Merda! Eu vou falar com ela — Alferes prometeu, ainda espumando de raiva. — Mas, falando em problemas... Calíope, eu soube algumas coisas sobre Angelo Salermo.
O nome de Angelo fez Calíope ficar alerta. Ela se inclinou para frente, segurando o telefone com mais força.
— O que você soube?
— Ele é veterano da faculdade, fique longe— Alferes disse, sua voz ficando séria novamente. — Os Salermo são mafiosos, Calíope. E Angelo é o próximo líder da família. E aquele menino olha para você como se você fosse como se você -fosse o único caramelo do dia das bruxas desde que você tinha 13 anos.
— Pai, você esta exagerando!
—Suas tias podem ser casadas com dois deles porem elas não trabalham secretamente para a rainha como nosso país.
Calíope sentiu um frio na espinha. Ela sabia que ela e Angelo eram como agua e vinho porem, ela queria sentir um pouco do calor daquele homem, só um pouquinho que fosse.
— Eu sei pai, eu sei! — ela disse
— Só estou lembrando — Alferes respondeu, sem hesitar. — E eu quero que você fique longe dele, Calíope. Nós trabalhamos para a rainha, assim como o seu avô. Vinho e azeite podem coexistir, mas nunca se misturam. Entende?
Calíope ficou em silêncio por um momento, tentando digerir as palavras do pai.
— Eu entendo, pai — ela finalmente disse, sua voz suave. — Mas... ele me salvou, sabe? Ele me protegeu.
— Isso não muda quem ele é — Alferes respondeu, firme. — Prometa-me que você vai se afastar dele, Calíope.
Ela hesitou, mas sabia que não podia discutir.
— Eu prometo, pai.
— Boa garota — Alferes disse, sua voz mais suave agora. — Cuide-se, e cuide da sua irmã. Eu vou ligar para Eleni mais tarde.
— Tudo bem, pai. Eu te amo.
— Eu também te amo, minha querida. Até logo.
A ligação terminou, e Calíope ficou sentada em silêncio, olhando para a tela escura do computador. Sua mente estava uma confusão de pensamentos e emoções. Angelo era realmente um mafioso? E o que isso significava para ela?
Ela olhou para a rosa n***a no copo, sua beleza sombria agora carregada de um significado diferente. Angelo tinha deixado aquela rosa para ela, um gesto que antes parecia romântico, mas que agora parecia carregado de mistério e perigo.
Calíope sabia que não podia simplesmente ignorar o aviso do pai, mas também não podia ignorar o que sentia por Angelo. Havia algo entre eles, algo que ia além das palavras e dos segredos. Mas, por enquanto, ela precisava ser cautelosa. Havia muito em jogo, e ela não podia se dar ao luxo de cometer erros.
Com um suspiro, ela se levantou e pegou as muletas. Havia trabalho a ser feito, e ela estava determinada a descobrir a verdade, não importa o quão perigosa fosse.
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