Capitulo 9 BabaYaga

Eleni Wessex chegou à Oxford Nova com a mala nas costas e o coração acelerado. A universidade era um labirinto de prédios góticos e corredores intermináveis, mas ela finalmente encontrou o alojamento feminino. A recepcionista, uma mulher de óculos grossos e expressão cansada, entregou-lhe a chave do quarto 3B.

— Você vai dividir com Baba Yaga — disse a mulher, sem levantar os olhos do computador.

— Baba... o quê? — Eleni perguntou, confusa.

— Baba Yaga. Ela é... peculiar. Boa sorte.

Eleni engoliu seco. Peculiar? Isso não soava bem. Ela subiu as escadas até o terceiro andar, parando em frente à porta do quarto 3B. Antes de entrar, olhou para a porta ao lado: 3A. O quarto de Caliope. Bateu levemente, mas não houve resposta. Ela deve estar em aula, pensou, resignada.

Ao abrir a porta do 3B, Eleni teve a certeza de que havia entrado em uma dimensão alternativa.

O quarto era dividido ao meio, como se uma linha invisível separasse o céu do inferno. Do lado esquerdo, tudo era branco: paredes imaculadas, prateleiras vazias, uma cama com lençóis brancos e um tapete fofo que parecia ter sido roubado de uma loja de artigos infantis. Do lado direito, o caos reinava. As paredes eram pintadas de preto, cobertas por pôsteres de bandas de metal e desenhos que pareciam saídos de um pesadelo. Velas roxas queimavam em candelabros tortos, e objetos estranhos — um crânio de gato, um punhal enferrujado, um livro com capa de couro e símbolos que Eleni não conseguia identificar — estavam espalhados por toda parte.

— Que... que lugar é esse? — murmurou, os olhos arregalados.

Eleni estava prestes a fechar a porta e sair correndo quando a porta do banheiro se abriu com um rangido. Uma mulher saiu, completamente nua, secando o cabelo com uma toalha. Ela tinha tatuagens cobrindo todo o corpo — dragões, runas, algo que parecia um pentagrama invertido — e um piercing no lábio inferior.

— Quem é você? — perguntou a mulher, os olhos verdes fixos em Eleni.

— Eu... eu sou sua nova colega de quarto — Eleni gaguejou, tentando não olhar para baixo.

A mulher a observou de cima a baixo, os lábios se curvando em um sorriso irônico.

— Baba Yaga. Prazer.

— Baba... Yaga? — Eleni repetiu, incrédula.

— Sim, como a bruxa do conto de fadas. Mas eu não como crianças. Só almas.

Eleni riu nervosamente, sem saber se era uma piada ou uma ameaça.

— Eu sou Eleni. Eleni Wessex.

— Wessex, hein? — Baba Yaga ergueu uma sobrancelha. — Família rica e tradicional. O que você está fazendo em um lugar como este?

— Estudar? — Eleni respondeu, mais como uma pergunta do que uma afirmação.

Baba Yaga riu, um som rouco e cheio de ironia.

— Boa sorte com isso.

Eleni colocou sua mala em cima da cama branca, tentando ignorar o lado n***o do quarto. Enquanto desempacotava, Baba Yaga se vestiu com roupas que pareciam ter sido roubadas de um filme de terror: uma saia de couro, uma camiseta rasgada de uma banda chamada "Unicórnio Infernal" e botas de cano alto.

— Eu volto às seis com meu namorado — anunciou, passando batom preto. — Se você não gosta de ver pessoas transando, sugiro que saia.

Eleni quase deixou cair o ursinho de pelúcia que estava tirando da mala.

— Você... você não liga?

— Eu não ligo, mas nem todo mundo gosta de ver — Baba Yaga respondeu, encolhendo os ombros. — Então, se prepare.

Eleni balançou a cabeça, desesperada.

— Eu... eu acho que vou visitar minha irmã.

— Boa ideia — Baba Yaga disse, saindo pela porta. — Ah, e não mexa nas minhas coisas. Elas mordem.

Eleni ficou sozinha no quarto, olhando para o ursinho de pelúcia em suas mãos.

— O que eu fiz para merecer isso? — murmurou, antes de começar a decorar seu lado do quarto com coisas fofas: almofadas de gatinhos, pôsteres de animes fofos e uma luminária em forma de lua.

Enquanto pendurava um quadro de um coelho com asas, Baba Yaga voltou à porta.

— Cuidado com o unicórnio infernal — disse, apontando para o lado n***o do quarto. — Ele não gosta de coisas fofas.

Eleni riu nervosamente, sem saber se era uma piada ou uma ameaça.

— Vou lembrar disso.

Baba Yaga saiu, deixando Eleni sozinha em um quarto que era metade paraíso, metade inferno