Luca
- Amanda Brown, 19 anos, bolsista na faculdade de Londres, no curso de Letras, que no momento está trancada. - O Christopher respirou, antes de continuar. - Filha de Rose Brown, antiga governanta dos Walker e que se encontra em coma no Royal Chelsea, em tratamento de câncer de ovário, faz cerca de um ano. - Ele fez mais uma pausa, talvez esperando que eu falasse algo. Movi a mão, sinalizando que continuasse. - Pai desconhecido. - Apertei os dedos nos olhos. - Mas, algumas fontes têm teorias sobre o pai da garota. - Assenti e ele continuou. - Atualmente ela trabalha, no lugar da mãe, como governanta da família Walker. - Ele me estendeu o dossie. - Endereço, documentos, movimentações bancárias e registros telefonicos estão aqui.
- Tem o celular dela? - Ele assentiu e indicou no papel.
- Não analisei a fundo as redes sociais, mas ela não compartilha muita coisa. Os interesses principais são livros, culinária e videos de organização. - Sorri com a informação. Ela era uma moça simples e normal.
E herdeira da segunda família mais rica de Londres.
- Quais teorias você descobriu sobre a paternidade? - Perguntei, enquanto eu salvava o número de celular dela no meu.
Salvei como Miss Encrenca.
- Alguns dizem que ela é filha de um motoqueiro viajante, que aparece uma vez no ano, para visitá-la. Outros dizem que ela é fruto de um caso de uma noite da mãe, que bebada, engravidou e não lembra quem é o pai. E a teoria que mais me impressionou, é que ela é filha do Walker. - Respirei fundo. - Dona Olga espalhou essa fofoca logo que o Walker casou com a Ruth.
Levantei e encarei Londres da janela do meu escritório, tentando encaixar na minha cabeça o motivo da reação dela. A minha boca estava amarga pela rejeição de duas horas antes.
Ela era orgulhosa e dona de si, sem dúvidas, quase implorava pra ser domada.
- Quero que coloque no caminho dela o Machado. - Falei, sem olhar para ele. - Sem que ela saiba que foi indicação minha.
- Algum interesse especifico na moça? - Demorou para ele me questionar e eu não olhei para ele quando respondi.
- A última teoria está certa, ela é mesmo filha do Walker. - Ele não pareceu surpreso. - E ela soube ontem a noite, e deve estar um pouco perdida. - O Chris não perguntou ou comentou nada.
- Te aviso das evoluções. - Assenti.
- Obrigado. - Antes que ele saisse eu falei. - Vamos deixar somente entre nós as informações. Ela e o Walker devem fazer um anúncio em breve. - Ele confirmou com a cabeça. - Isso inclui o meu pai, Chris.
- Entendo, Senhor. - Ele saiu e eu voltei a encarar a janela.
Mesmo que eu tenha revisitado os últimos minutos com ela, eu ainda não entendia o que a motivou a se afastar. Eu não tive a intenção de humilhá-la, eu apenas ressaltei um fato. Ela parecia tão perdida, com tantos papeis e mudanças, e eu queria ajudar. Queria saber o que ela estava pensando sobre aquilo tudo e como se sentia ao descobrir a verdadeira filiação dela.
E agora eu entendi o motivo de duas visitas ao hospital, em dias seguidos.
Mas, o que mais me intrigava é que, para uma empregada, ela tinha um ar confiante demais. Como se tivesse tanta certeza das suas escolhas, que não precisava se submeter a ninguém.
E eu queria desesperadamente submeter ela a mim.
Respirei fundo e encarei o celular.
O Machado era um advogado da minha extrema confiança e cuidava dos negócios da minha família a anos. Ele saberia como aconselhá-la e orientaria o que ela deveria fazer para assumir o direito dela, como filha do Walker. Mesmo que as palavras dela ecoassem pela minha cabeça.
“...o Senhor Walker tem arrependimentos na vida e ele está em uma espécie de meta de redenção e resolveu fo|der a minha vida e a minha cabeça no processo.”
Talvez o Walker esteja planejando assumir a menina como sua. E isso faria toda a reputação Walker balançar. No fim, romper com a Patrícia, foi a melhor decisão. Não quero nem imaginar a reação daquela ignóbil quando descobrir que terá que dividir a herança. Sem falar no tamanho da repercussão negativa que isso poderia ter.
Por fim, peguei o celular e encarei a foto dela no aplicativo de mensagens.
Ela era perfeita e naturalmente linda. Uma verdadeira força da natureza, com os cabelos longos e um sorriso lindo para a foto. Os olhos verdes estavam escondidos na imagem, porque ela sorria de olhos fechados para quem tirava a foto. Completamente livre e feliz.
Um espírito livre e solto pelo mundo. Uma mulher que não era apenas para ser vista, e sim apreciada.
Alguém que eu queria desesperadamente me aproximar, e mesmo que eu não entendesse o motivo, eu o faria.
Mais uma vez, não pensei no que estava fazendo, quando liguei para o Walker e combinei de nos encontrarmos mais cedo, antes da reunião de hoje a tarde, na Smith. Ele não me questionou o motivo também e quando sai, pronto para negociar com o meu ex sogro, sobre o futuro da filha dele, eu estava com um sorriso no rosto.
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