Valentina escondeu de todos sobre seu casamento naquela mesma semana, mas Salazar estava sempre de olho nela e logo soube dos encontros que ela estava tendo com um homem da cidade.
– Salazar você me assustou sempre entrando assim...o que faz aqui? – Diz ela se levantando da cama.
– Quem é esse homem com quem você tem se encontrado na cidade?
– Isso não é da sua conta! – Responde ela irritada.
– Claro que é da minha conta...!
– Não somos mais noivos, não tenho por que te explicar nada.
– Vou contar aos anciões o que anda fazendo com sua honra e com o nome de nosso povo! – Gritou ele cheio de ciúme.
– Faça isso...eu não me importo! – Ela passa por ele indo para outro ambiente, ele agarra em seu braço.
– Se eu te pegar com esse homem ou qualquer outro eu juro...
– Vai fazer como o assassino de minha mãe? eu deixarei de existir se não for sua Salazar?
– Eu não seria capaz de te fazer m*l, mas se algum outro ousar te tocar ele sim vai para o inferno bem rápido! – Ele jamais admitiria que ela se entregasse a outro.
– Não te devo nenhuma satisfação. E me deixe em paz! – Grita ela.
Havia chegado a sexta– feira, Valentina estava ansiosa, saiu escondida e levando o vestido em uma bolsa se arrumou na casa de Sofia e se encontrou com Bernardo onde haviam combinado. Ela estava linda no vestido que havia pedido Carmem para fazer, alegando que usaria nos festejos de São José.
Foram até a tenda de Belchior, ele sempre realizava os matrimônios e já estava bem idoso, não enxergava bem. Ficou cismado em realizar aquele casamento tão repentino e sem ao menos uma festa, já que as deles duravam mais de três dias.
Mas ele não fez caso pois era Valentina que pedia, realizou aquele matrimônio mesmo sem concordar.
Estava feito...eram marido e mulher.
– Finalmente meu amor, venha vou te levar até minha avó! – Diz ela toda feliz puxando-o pela mão até sua tenda.
E ele olhava para todos desconfiado, parecia reviver uma lembrança ao ver aquele local e aquelas pessoas.
– Espera um minuto. Vou explicar a ela e depois você entra. – Valentina estava tão feliz que não cabia em si.
– Como quiser. – Respondeu ele, bem friamente.
– Vó...preciso te dizer uma coisa!
– Diga minha linda!
– Eu me casei, me casei agora a pouco!
– Valentina você enlouqueceu? Com aquele rapaz da cidade?
– Sim e por favor, não brigue comigo por isso. Eu o amo muito e a senhora me pediu para ouvir meu coração.
– É que você é uma líder, uma princesa e merecia uma grande festa!!!
– Eu não ligo para isso, desde que eu esteja com ele. Bernardo está aqui e quero que o conheça. – Valentina sai um instante e volta com ele pegado em sua mão. Carmem congela ao ver e suas lembranças a transportaram até um rosto.
– Mas ele é!
– O próprio! – Ele responde ao entrar tranquilamente na tenda.
– Benício? – Carmem completa e lhe faltam as pernas.
– Não vovó, ele se chama Bernardo. – Valentina corrige sem entender aquele engano.
– Sua avó está certa, eu me chamo Benício.
– Por que mentiu seu nome? – Ela para um instante e se lembra de tudo o que seu pai havia contado durante anos, a mesma história trágica da morte de sua mãe. Mas aquele nome poderia ser uma coincidência, precisava ser! – Benício, filho...filho de Kayon? – Valentina pergunta trêmula.
– Sim Valentina. Tenho o sangue da família que foi exilada injustamente deste clã! – Seu tom de voz era carregado de remorso.
– Como pode me falar de injustiça? Minha mãe foi morta pelo maldito do seu pai...o que queria? que sua prole imunda permanecesse entre nós? – Gritou Valentina.
Valentina
Uma onda de revolta, ódio e decepção tomou conta de todo o meu ser. Minha vontade era de mata-lo com minhas próprias mãos e me esquecer da humilhação tão grande que submeti a memória da minha mãe.
– Sua mãe o enganou...o seduziu e por isso ele perdeu a razão. Mas nada disso importa, blasfeme, diga o que quiser agora sou líder graças a você e trarei os meus...de volta para cá!
– Nunca!!! Vovó me diga, há uma forma de desfazer isso não há? Tem que haver! – Diz ela aos prantos.
– Somos ciganos Valentina...só a morte pode nos separar agora. – Diz ele, fazendo– a engolir seco toda a sua revolta.
Valentina corre para longe dali, não queria ouvir a voz daquele monstro nem mais um instante. Doía demais pensar que ela mesma havia dado a ele o privilégio de uma vingança fria e tardia.
– Já conseguiu o que queria, não faça ainda mais m*l a ela. Valentina não merece. – Diz Carmem agora a sós com ele.
– O que eu queria agora eu tenho...trarei minha mãe, minha irmã e Adriana, minha mulher. Voltaremos de cabeça erguida e nosso sangue nunca mais será maldito nesta terra!
– Além de tudo se casou com ela já tendo esposa? Você é muito pior do que eu imaginei.
– Pense como preferir senhora... Adriana e eu vivemos juntos, mas não havíamos nos casado.
Salazar ouviu aquela confusão e entrou na tenda encontrando os dois.
– Onde está Valentina? eu a ouvi gritar a pouco.
– Minha esposa não deve satisfação a ti. – Responde Benício encarando Salazar que fica intrigado com aquele homem, aquele rosto era familiar e o passado parecia querer lhe dizer algo.
– Como sua esposa? Quem é você? – Pergunta ele.
– Benício!
– Benício filho de Kayon?? – Salazar se lembrava dele, eram amigos quando crianças.
– Isso mesmo!
– Valentina jamais se casaria com o filho de um assassino, muito menos da mãe dela!
– Vejo que ficou decepcionado...esperava que ela se casasse contigo, não é? Me lembro que ainda criança você dizia que estava prometido a ela...mas agora Valentina e todo o poder de decisão desse povo pertence a mim! – Benício sorria e aumentava cada vez mais a ira de ambos.
Salazar avança contra ele, mas Carmem entra na frente.
– Por favor parem! Salazar vá atrás de Valentina, temo que ela faça alguma bobagem.
– Vou procura–la sim dona Carmem...e saiba seu maldito que farei tudo o que eu puder para proteger Valentina de sua família assassina! – Diz ele apontando o dedo e deixando Benício avisado.
– Só não se esqueça de que agora ela tem dono...velho amigo!
Salazar engole seco queria acabar com ele de uma vez, mas antes precisava encontrar Valentina. Andou pela mata, até encontrar ela ajoelhada no chão próxima ao rio, ela chorava compulsivamente.
– Valentina enfim te encontrei...por que se casou com aquele miserável?
– Ele me enganou Salazar tudo mudou em segundos fui do paraíso ou inferno...eu não sabia quem ele era. Eu caí em uma armadilha, agora dei a ele poder sobre mim...sobre nós!
– Deus...não sei o que vou fazer. Mas não deixarei ele te ferir eu juro! Eu te amo tanto. – Diz ele a abraçando forte.
– Onde minha mãe estiver...não deixarei ele nos pisar. Vou honrar nosso sangue por meus pais, serei forte e darei um jeito em tudo isso! – Diz ela.
Valentina se levanta e volta para o acampamento secando as lágrimas, pede a Salazar que confie nela e não faça nenhuma bobagem... pelo menos ainda.
Ela entra em sua tenda e fala com Carmem.
– Onde está aquele bastardo vó?
– No seu quarto! – Carmem responde e Valentina m*l podia acreditar na tamanha audácia dele de engana– la e ainda se deitar na cama dela.
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